terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Luzes Da Ribalta tem muito de Charlie Chaplin?


     É relatado que o filme é baseado na vida de Frank Tierney, mas quando assisto eu vejo diversas referências ao próprio Chaplin...



  Por anos, Charlie Chaplin alegrou milhões de pessoas com seus filmes do vagabundo, que ele realmente gostava de interpretar e via nisso uma maneira de criticar tudo que ele achava desumano. Mas acredito que, como tudo na vida, Chaplin cansou e decidiu fazer um filme que representasse uma fase de sua vida e colocar nele tudo que sentia naquele momento sob o disfarce de uma obra espelhando a vida de Frank Tierney . Esse filme é Luzes Da Ribalta (Limelight), de 1952...



   O filme conta a história de Calvero, um palhaço esquecido, que já fez muitas pessoas gargalharem e agora se sente rejeitado e sem ânimo, como se o público fosse ingrato com uma pessoa que tanto os fez rir. É quando ele passa a ajudar uma bailarina chamada Thereza a retornar aos palcos e, junto com ela, tenta se restabelecer.


      Chaplin realmente estava melancólico. Pregava o humanismo e a união entre as pessoas e usou filmes como Tempos Modernos (Modern Times) para ir a favor dos que perderam tudo na crise de 1929. Mas, após O Grande Ditador (The Great Dictator) - uma mensagem de paz ao mundo - tornou-se vítima da paranoia patrocinada pelo Senador Joseph McCarthy e o público americano, que antes o amava, a cada dia se voltava mais contra ele. As pessoas passaram a enchê-lo com perguntas constrangedoras, questionando principalmente sua vida pessoal, enquanto ele fingia alheamento a tais absurdos. Foi em Luzes Da Ribalta, por meio do seu personagem Calvero, que ele mostrou como realmente se sentia diante de tudo isso: só, desolado com a ingratidão do público para com ele.


   A personagem Thereza (Claire Bloom) também faz parte da visão da vida de Chaplin. Muitos anos antes dele trabalhar neste filme, sua mãe havia perdido sua habilidade de cantar por conta de uma doença na laringe, indo para um asilo. De certa forma, no filme o eterno Carlitos representa o que ele gostaria de ter feito por ela na época: ter cuidado dela e a encorajado.



   A aparição do ex-rival de Chaplin, Buster Keaton, contribuiu para a crítica ao descaso do público para com astros "antigos". Fiquei realmente surpreso ao ver Buster surgir quando assisti ao filme pela primeira vez, cerca de dois anos atrás, mas só recentemente percebi o valor desta participação, ao fazer paralelo entre o astro perseguido (Chaplin) e o outro esquecido (Buster) e perceber que o primeiro não era de guardar ressentimentos ou levar rivalidades em conta.


  Luzes da Ribalta é uma biografia psicológica daquele momento do mestre Charlie Chaplin e do que ele realmente achava da perseguição que passava nos EUA. O final do filme mostra que ele tinha esperanças, que não acreditava que morreria perseguido e vítima da ingratidão de seus antigos admiradores. Pelo contrário, acreditava firmemente que ainda iria dar um último grande show ou que as pessoas iriam redescobrir seu valor. Isto realmente aconteceu, tanto que em 1972 o filme ainda ganhou o Oscar de Melhor Canção Original (Limelight). Este lapso de tempo deveu-se justamente porque o filme só veio a passar em Los Angeles naquele ano, não podendo, portanto participar da premiação. A Academia, no entanto, permite que um filme, desde que estreie na referida cidade, pode participar da concorrência até vinte anos depois do seu lançamento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça parte dessa Nerdlution