quinta-feira, 14 de março de 2013

O (AUTÊNTICO) CAVALEIRO DAS TREVAS



Tentar passar para outra mídia aquela que eu considero a maior obra das Histórias em Quadrinhos sempre foi um desejo dos fãs e um desafio para qualquer realizador.

Sinceramente, sempre esperei uma minissérie de TV (nível HBO, claro...) ou mesmo um ou dois filmes (apenas em longas bebedeiras combinadas com uma dose excessiva de papo nerd eu cogitava, por alguns momentos, uma trilogia). Não acreditava em desenhos animados. Até que a DC lançou dois longas animados que.. como eu poderia descrever?...  me animaram para um projeto assim.

O primeiro foi A Volta do Capuz Vermelho (Batman – Under the Hood, de 2010). O outro, Batman: Ano Um (Batman – Year One, de 2011). Se a forma adulta com que a Warner resolveu abordar a violentíssima história da ressurreição de Jason Todd (e sua vingança contra o submundo gothamita e aquele que, em sua concepção, não o vingou) foi o primeiro sinal de que o alvo agora era outro, o segundo provou o esmero dos produtores para adaptar de uma forma que agradava os olhos (com boas sacadas visuais) e respeitava o material original.


Tendo visto a obra completa, fico satisfeito, mesmo com severas restrições a arte um tanto quanto “limpa” pela qual os animadores optaram. Sinto falta das sombras mais fortes que eram ponto de destaque nas arte-final de Klaus Janson.

As capas dos dvds são o ponto mais fraco.

Outra diferença que chega a me incomodar é a falta das reflexões dos personagens, que na HQ eram colocadas na forma de recordatórios. Neste aspecto, porém, entendo a necessidade de fazer a "história andar" (sou a última pessoa do mundo a querer outra animação tão chata quanto Superman All Star). Além disso, muitas das passagens mais legais foram transformadas em diálogos para que pudessem ser ouvidas pela platéia.

Carrie, a única Robin que existe em minha cronologia (os outros, só quando morrem).

Outra sutil alteração é a forma como a televisão foi usada: de forma bem mais moderada que na HQ. Mas aí  tudo bem, pois tornou a versão mais acessível pra um público maior (já que a "versão televisiva" nem sempre era a mais fiel aos fatos...), inclusive para aqueles que tacham o Batman da realização máxima de Frank Miller de fascista...

Realmente, longe da arte de Miller-Janson ou da animação.

Um exemplo? A forma como a Comissária Yindel percebe  a força do Morcego. Enquanto na HQ este é um pequeno momento dentro de uma narrativa fragmentada em diversos pontos de vista (com populares narrando, de acordo com a sua simpatia, a intervenção do Batman e sua "gangue" durante o caos reinante em uma Gotham sem luz e em chamas), no desenho ele está bem claro e destacado.

"Hoje eu vou manter a ordem em Gotham City. Vocês vão me ajudar. Mas não com isto. São barulhentas e devastadoras. Estas armas são covardes. Nossas armas são precisas e silenciosas. Com o tempo, vou ensiná-los a usá-las. Mas hoje usarão só seus cérebros e seus punhos. Hoje, nós somos a lei. Hoje, eu sou a lei."

Os envolvidos também conseguiram saídas perfeitas pra alguns momentos que tendiam a ser complicados de adaptar, mantendo o espírito original e o impacto da cena (isso fica claro na primeira “aparição” do Superman na Casa Branca).

Aliás, os realizadores se detém em alguns momentos pra poderem explicar pros hereges que não leram as revistas diversas passagens, como o motivo dos heróis terem se aposentado e o que o Batman pretendia ao final da luta com o ex-Homem do Amanhã.

"É agora, finalmente, não é? O momento que nós tanto sonhamos...  Não me diga que você vai dormir antes de terminar."
Sim, a violência está lá. As lutas com o Líder Mutante, o Coringa e o Superman fazem sangue voar e ossos estalarem. Impossível destacar uma, apesar de que assistir o Bobo esfaqueando o Morcego seguidamente é arrepiante.

"A única forma de acabar com isso é derrotando eles. Humilhando muito."
No resto, generosas doses de fidelidade à obra em papel. Você assiste o Coringa assassinando indiscriminadamente, de forma altamente provocativa (embora a maior parte das cenas suprimidas dos longas sejam exatamente com o Palhaço, como a do algodão doce envenenado). O Escoteirão apanha.Oliver Queen tem sua pequena – porém marcante – participação. Pô, até o Reagan é o presidente (sinceramente, não achei que tivessem coragem pra isso).

"Deus está do nosso lado. Ou, pelo menos, alguém quase tão bom!"

A dublagem nacional ficou à altura da original. Na segunda parte, principalmente, Márcio Seixas acertou o tom pra soar mais “velho” e furioso.

"Todos somos criminosos, Clark. Sempre foi assim. Você ainda é um. A diferença é que você tem um chefe."
Uma obra indispensável. Nolan deveria ser instruído a nunca assistir esta obra, como castigo pela sua escolha equivocada de caminho que o levaram a optar por história medianas e um vilão imbecil, consequentemente manchando uma franquia cinematográfica até então extremamente acima da média.


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