quinta-feira, 25 de julho de 2013

O Circo


    Um longa metragem menos intenso que os outros de autoria de Chaplin. Mas com sutileza, Charles mostra uma época triste para o humor. E faz isso através de uma comédia...



       Olhando meus dvds no fim de semana, me deparei com uma obra que não videava há um bom  tempo: O Circo, de Charles Chaplin. Na minha opinião esse era o trabalho mais fraco dele, criado apenas para divertir o público com sua comédia pastelão. Apesar disso, decidi assisti-lo mais uma vez e notei sutis críticas à sociedade da época. E me diverti muito com a criatividade do Mestre.


    O filme mostra mais uma aventura do Vagabundo, que ao passar por um mal entendido com a polícia acaba conseguindo emprego num circo, onde conhecerá a dureza do dono do local, o amor e o ciúme.


      O filme é bem inocente, mas a maneira como uma coisa leva a outra lembra muito um episódio de Os Simpsons. A  maneira como o Vagabundo não entende metade das coisas que estão acontecendo ao seu redor é muito engraçada - ele sequer sabe que sua presença é o que está dando lucro ao circo. A  trilha sonora é emocionante, se levarmos em conta que é uma comédia, e mostra a admiração de Chaplin pela magia do circo, fonte de entretenimento já decadente na época. E é nesta decadência que está a sutil crítica de Charlie.


         É mostrada uma companhia circense que já não faz sucesso, pois que as pessoas - mais sérias, mais estressadas - não conseguem rir como antes. Esta situação incomoda principalmente os palhaços, que não sabem mais o que fazer. É quando aparece o Vagabundo, fugindo desesperado de um policial e arrancando boas gargalhadas dos espectadores.
      O Protagonista é colocado numa situação em que as coisas que acontecem na sua cabeça destoam das do mundo real. Exemplo disso é a cena do teste, onde ele é o único que ri das palhaçadas enquanto todos olham impassíveis. O Vagabundo aqui faz um contraste entre as pessoas de antes e as atuais, que estão perdendo cada vez mais a inocência. Charlie percebe isso, pois atua desde criança e é notável a mudança dos gostos da sociedade.
          A disputa dentro do próprio circo mostra que a tal mudança abala até aqueles cujo trabalho é fazer rir, alegrar e divertir. Chaplin observa isso com repulsa, como posteriormente mostrou, de forma mais veemente, em Tempos Modernos e, principalmente, em Luzes Da Ribalta. O Vagabundo é um dos últimos da velha guarda, pois é ingênuo, caridoso e vê a beleza da comédia e da vida, mesmo vivendo em condições adversas. No fim, é isso que o personagem representa: alguém que mesmo vivendo em uma triste situação consegue demonstrar compaixão e ver a beleza da vida.


    Resumindo, esta obra mostra de maneira engenhosa como as pessoas estão cada vez mais tristes e ambiciosas, ao mesmo tempo incentivando estas mesmas pessoas a praticar o bem e a acreditar no humor como um bálsamo para as dores e não um mero escapismo. Mesmo sendo o filme menos relevante de Chaplin, é engraçado e didático.

Nota-9

 

Título Original: The Circus

Gênero: Comédia

Tempo de duração: 71 minutos

Ano: 1928
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Produção: Charles Chaplin Productions
Edição: Thomas Stanford
Estúdio: Chaplin Studios
País de Origem: Estados Unidos

Charles Chaplin (O vagabundo)
Henry Bergman (Um velho palhaço)
Tiny Sandford (Encarregado)
Al Ernest Garcia (O proprietário do circo)
George Davis (O mágico)
Merna Kennedy (A filha do proprietário do circo)
Harry Crocker (Rex)
John Rand (Assistente do encarregado / Palhaço)
Steve Murphy (O ladrão de carteiras)




 



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