segunda-feira, 22 de abril de 2013

1001 Filmes Para Se Ver Antes De Morrer - Os Sete Samurais


   Mais um artigo dos 1001 Filmes com um clássico japonês...



     Akira Kurosawa é um dos grandes mestres do cinema  e um dos poucos diretores japoneses merecedores do meu respeito. Nada contra eles, apenas os acho muito exagerados e creio que seus artifícios  só dão certo fora do país com os adeptos da cultura oriental (otakus). Ou, em outras palavras,  japoneses fazem filmes para japoneses, deixando de focar o público internacional tanto quanto deveriam.

    Não é o caso de Kurosawa, que fez filmes épicos com apelo universal. Uma de suas obras (Yojimbo), por sinal, foi adaptado no clássico western spaghetti Por Um Punhado de Dólares (um dos meus filmes favoritos que absurdamente não consta da lista analisada nesta coluna!!!!!!).

    E nesta semana vou escrever um pouco sobre aquela que é uma das mais expressivas obras do cinema (eu diria) mundial: Os Sete Samurais.

Os "Sete" Samurais (na verdade, cinco Samurais, 
um cachaceiro - ou seria sakezeiro? - e um padawan aprendiz)


    A história inicia no Japão feudal, durante um período de guerra civil, onde uma vila é cercada por um grupo de ladrões. Os bandidos ponderam e resolvem não atacar de pronto, aguardando enquanto os aldeões façam a colheita para que possam ter mais o que roubar (afinal, quem saqueia quer lucro e não apenas mostrar força - taí a galera do tráfico de prova!). Os habitantes ficam desesperados, com alguns até com pensamentos suicidas (provando que os emos existem desde a era feudal, ainda que estejam atravessando sua fase áurea nos dias atuais). Até que o ancião da aldeia resolve que, em vezs de se matarem, eles devem contratar samurais para defender o local. Como experiência pouca é bobagem, o velhote ainda recomenda que eles procurem guerreiros famintos, de preferência ronins (samurais sem mestre, matreiros, meninões, de várzea), que aceitariam arroz como pagamento.

O Harlem Shake já era algo tradicional no Japão Feudal.



     Uma comitiva de aldeões vai a cidade atrás destes justiceiros e encontram Kambei, um ronin velhusco que afirma nunca ter vencido uma luta. Os integrantes da comitiva ficam pessimistas quanto a capacidade de Kambei de ajuda-los, mas passam a confiar nele depois de ver a estratégia que ele monta para resgatar uma criança. Ao ver a magnitude do que lhe é pedido, é a vez do próprio ronin perceber que precisa de ajuda e resolve ajudar os aldeões a procurarem mais algumas "espadas de aluguel". Ele consegue reunir mais quatro samurais, cada um com habilidades e personalidade diferentes, e também convoca seu novo aprendiz. Um bêbado resolve acompanhá-los, disposto a ajudá-los.

"Posso ir também?"

  Mas os samurais não contavam com o cagaço dos moradores da aldeia! Ao chegarem lá não encontram NINGUÉM (nem uma alma penada!), pois os habitantes pensaram que os Ronins só tinham aceitado a pouca recompensa em comida que lhes foi dada para poderem eles mesmos saquearem a vila. Soa um alarme e os moradores se apresentam. Assombrados, eles imploram pela ajuda dos guerreiros. Quem tocou malandramente havia tocado o alarme fora Kikuchiyo, o falso samurai (o pingunço do grupo), que passa a ser valorizado.

"Isso... Ninguém olha pro sujeito agachado..."


  Os guerreiros passam a tratar as pessoas da aldeia como soldados e a ensina-los a se defender. Como cada samurai é portador de uma habilidade diferente, ensina cada um a sua maneira. Interessante notar a maneira que Kurosawa desenvolve seus personagens: até a metade da película, o filme é focado nisso, em conhecer os personagens e mostrar suas diferenças, aproveitando cada oportunidade oferecida pelo roteiro.

    Aos poucos todos passam a confiar um nos outros, mas quando o grande segredo dos aldeões é revelado - eles já roubaram armas e armaduras de samurais - os ronins se revoltam, mas terminam sendo apaziguados ao refletirem sobre as coisas terríveis que a dificuldade pode obrigar pessoas honradas a fazer. Os  samurais continuam a defender a Aldeia e a fortifica-la, além de treinar os aldeões.

"Corre, negada!"

    A invasão se aproxima e os samurais passam a matar  batedores. Alguns aldeões morrem e um dos mercenários decide atacar os bandidos, voltando com sucesso e algumas armas após algumas horas. Mas durante uma batalha, Kikuchiyo - o bêbado - decide sair de seu posto e pegar um mosquete dos bandidos. Apesar de lograr êxito, os aldeões sob seu comando morrem. Kambei decide enviar reforços e com isso enfraquece seu posto. Gorobei, um dos samurais,  é morto por tiros. Bandidos entram na aldeia, mas são morto pelos aldeões (isso ocorre diversas vezes). No dia seguinte, quando treze bandidos restantes chegam, Kambei manda que entrem todos de uma vez. Os bandidos são facilmente mortos por flechas e lanças. O líder dos vilões foge para um celeiro e mata um dos samurais pelas costas. Kikuchiyo avança contra ele e leva um tiro. Mortalmente ferido o bebum mata o líder dos bandidos e prova seu valor como samurai.

"A vitória foi dos agricultores, não nossa"


   Finalmente havia acabado, os bandidos estavam mortos, mas os três Samurais sobreviventes refletem sobre o que ganharam. Kambei diz que a vitória não foi dos samurais e sim dos agricultores. Eles perderam amigos e iriam voltar para uma jornada solitária, enquanto os lavradores passariam a viver em paz.

    Resumindo, Os Setes Samurais é o clássico supremo do cinema Japonês e obra prima de Akira Kurosawa. Sem dúvida um dos filmes para se ver antes de morrer.

Nota-9,5


Diretor: Akira Kurosawa
Elenco: Toshirô Mifune, Takashi Shimura, Keiko Tsushima, Yukiko Shimazaki, Kamatari Fujiwara, Daisuke Katô, Isao Kimura, Minoru Chiaki, Seiji Miyaguchi, Yoshio Kosugi, Bokuzen Hidari, Yoshio Inaba, Yoshio Tsuchiya, Kokuten Kôdô, Eijirô Tôno, Kichijirô Ueda, Jun Tatara, Atsushi Watanabe, Toranosuke Ogawa, Isao Yamagata, Sôjin, Gen Shimizu, Keiji Sakakida, Shinpei Takagi, Shin Ôtomo, Toshio Takahara, Hiroshi Sugi, Kan Hayashi, Sachio Sakai, Sôkichi Maki, Ichirô Chiba, Noriko Sengoku, Noriko Honma, Masanobu Ôkubo, Etsurô Saijô, Minoru Itô, Haruya Sakamoto, Kyorô Sakurai, Hideo Shibuya, Kiyoshi Kamoda, Senkichi Ômura, Takashi Narita, Shôichi Hirose, Kôji Uno, Masaaki Tachibana, Kamayuki Tsubono, Taiji Naka, Chindanji Miyagawa, Shigemi Sunagawa, Akira Tani, Akio Kusama, Ryûtarô Amami, Jun Mikami, Haruo Nakajima, Sanpei Mine, Masahide Matsushita, Kaneo Ikeda, Takuzô Kumagaya, Ippei Kawagoe, Jirô Suzukawa, Junpei Natsuki, Kyôichi Kamiyama, Haruo Suzuki, Gorô Amano, Hikaru Kitchôji, Kôji Iwamoto, Hiroshi Akitsu, Akira Yamada, Kazuo Imai, Eisuke Nakanishi, Toku Ihara, Hideo Ôtsuka, Shû Ôe, Yasuhisa Tsutsumi, Yasuo Ônishi, Tsuneo Katagiri, Megeru Shimoda, Masayoshi Kawabe, Shigeo Katô, Yoshikazu Kawamata, Takeshi Seki, Haruko Toyama, Tsuruko Mano, Matsue Ono, Tazue Ichimanji, Masako Ôshiro, Kyôko Ozawa, Michiko Kadono, Toshiko Nakano, Shizuko Azuma, Keiko Mori, Michiko Kawabe, Yûko Togawa, Yayoko Kitano, Misao Suyama, Toriko Takahara
Produção: Shojiro Motoki
Roteiro: Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto, Hideo Oguni
Fotografia: Asakazu Nakai
Trilha Sonora: Fumio Hayasaka
Duração: 204 min.
Ano: 1954
País: Japão
Gênero: Ação
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Toho Company Ltd.


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