Para desespero de Toddy Toddy (que "não gosta, não gooooooooooooooossssta!"), daremos sequência a nossa análise deste filmaço (não deixe de conferir a primeira parte), falando um pouco das filmagens e da história em si.
Ah, caso você ainda
Alex McDowell, designer de produção, construiu mais de 70 cenários. A parafernália da produção chegou a deixar Fincher zonzo em um determinado momento: para ele, parecia que passava mais tempo vendo caminhões sendo carregados e descarregados do que realmente filmando".
Durante os 138 dias de filmagens, o diretor David Fincher usou 1.500 rolos de filme (três vezes o normal para um filme de 120 minutos). Foram 300 cenas, com 200 locações.
"Tava na cara pra todo mundo ver: eu e o Tyler só o fizemos visível. Tava na ponta de língua de todo mundo: eu e o Tyler só lhe demos um nome."Ele optou por filmar em formato Super35 (que usa a película de 35mm, mas em um enquadramento maior ao utilizar espaço no negativo normalmente destinado à trilha sonora analógica) e chamou Jeff Croneweth (cujo pai, Jordan, trabalhou com Fincher em Alien³) para a direção da fotografia. Eles optaram por deixar claro as diferenças: as cenas com o Narrador sozinho são propositadamente "mortas", as com Tyler "brilham" e as com Marla são opalescentes, translúcidas.
As filmagens aconteceram principalmente à noite. Nas poucas cenas diurnas, foi dada preferência a locais fechados ou, quando ao ar livre, à formas em que não houvessem "explosões de luminosidade" (ou seja, contra-luz, entardecer, céu nublado, etc.). Mesmo nas cenas noturnas, procuraram aproveitar ao máximo a iluminação "normal" do ambiente, evitando os holofotes comumente usados em Hollywood, numa clara influência de American Graffiti, filme de George Lucas feito em 1973.
"Auto-aperfeiçoamento é masturbação. Mas auto-destruição..."Os efeitos visuais, em sua maior parte, ficaram a cargo de Kevin Tod Haug. Algumas cena ficaram para a história, como a que parte das ruas de Los Angeles e vai até a bomba colocada no subsolo de um prédio (feita através da composição tridimensional de fotografias de Michael Douglas Middleton) ou a demolição dos edifiícios (que custou 14 meses de trabalho para o realizador, Richard Baily).
Mas nenhuma tem o destaque dos créditos iniciais, logo na abertura do filme: uma tomada reversa do cérebro do Narrador, a nível microscópico, mostrando o processo de pensamento iniciado pelo medo (o personagem de Norton começa o filme com uma arma na boca). Criada pela empresa Digital Domain, e supervisionada por Kevin Scott Mack (que faz uma ponta como um dos passageiros da "queda" do avião), o cérebro foi mapeado através de L-system e depois datalhado utilizando trabalhos da ilustradora médica Katherine Jones. Esta cena de meros 90 segundos teve orçamento à parte e sua aprovação pelo estúdio condicionada a uma primeira exibição do copião do filme. Satisfeitos com o que viram, os executivos aprovaram o gasto.
"Aguente a dor, não evite isso. O primeiro sabonete foi feito das cinzas dos heróis, como os primeiros macacos lançados no espaço. Sem dor... sem sacrifício... nós não teríamos nada!"Ciente de que uma obra como esta precisava ser cuidada até os mínimos detalhes, Fincher chegou à conclusão que os profissionais comumente associados à criação de trilhas sonoras de filmes fracassariam com Clube da Luta. Depois de tentar sem sucesso convencer o Radiohead a trabalhar no projeto, terminou fechando com o duo Dust Brothers, que nunca havia trabalhado para o cinema. O filme encerra com com a canção Where Is My Mind? ("onde está a minha mente?", dos Pixies.
Terminado o filme, começaram os problemas de verdade.
Os chefões do Estúdio ficaram desanimados com a montagem final, principalmente depois que os marqueteiros da Fox revelaram dificuldades pra "vender" o filme para o público feminino, principalmente pela conotação homoerótica em algumas passagens da história. Fincher se recusou a aceitar que a imagem de Brad Pitt sem camisa fosse o destaque nos cartazes do filme e indicou a empresa de marketing Wieden + Kennedy, que propôs como imagem de destaque uma barra de sabão cor de rosa com o nome do filme, ideia rejeitada pelos engravatados. Isto - aliado a dois trailers editados por Fincher que foram considerados ruins por eles, que, por sua vez, foram acusados pelo diretor de vender o filme "de forma errada" - azedou a relação entre os dirigentes da Fox e o diretor.
A recepção no mercado americano terminou sendo morna, o que contribuiu para a demissão do chefão da Fox, Bill Mechanic, pelo empresário Rupert Murdoch.
Fincher retornou para fazer um trabalho bem cuidado pra edição em DVD (foi um dos primeiros diretores a se envolver a fundo no processo). O filme se tornou cult muito por causa deste trabalho, que incluiu pelo menos três versões diferentes do DVD, com extras variados e uma das melhores faixas de comentários feitas até então. Ah, e o sabão rosa estava lá, na capa!
"As coisas que você possui acabam possuindo você."Bom, é isso. Na terceira - e última parte - deixaremos os cuidados com spoilers de lado (última chance, hereges, de assistirem o filme) e analisaremos as possíveis mensagens do filme e faremos algumas comparações com o livro. Até lá, macacos espaciais!
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