segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sam Raimi sobre Homem-Aranha 3: “As pessoas ainda me odeiam!”


Longe de mim discordar dele.

Sam Raimi, diretor dos três primeiros longas do Homem-Aranha, declarou que considera o último destes (Spider-Man 3, 2007) “terrível” e que o mesmo “não funcionou muito bem”. Um dos motivos seria o fato de que ele “não acreditava em todos os personagens” (o que tirou sua “paixão” do projeto). Outro seria a vontade de superar as expectativas geradas pelos fãs depois de Homem-Aranha 2 (Spider-Man 2, 2004), o que fez com que deixasse de focar no desenvolvimento dos personagens e se concentrasse mais nas cenas de ação e/ou visualmente impactantes.

Peter "dumal": "Ai, como eu tô bandida!"

Revelou também que chegou a pensar em dividir o filme em dois, mas que esta idéia foi deixada de lado por conta de um impasse sobre o momento em que a primeira parte seria interrompida. Notícias da época, no entanto, disseram que esta ideia foi abandonada por conta da falta de acordo com o elenco principal, que tinha contrato para três filmes e não entrou em con$en$o para que o terceiro fosse, na verdade, dois filmes. Raimi deixou a franquia quando já estava iniciando os trabalhos para a quarta aventura do herói e, mais uma vez, se desentendeu com os produtores, que optaram por rebootar tudo com um novo elenco e direção.

Homem-Aranha enfrenta o Homem-Areia (Thomas Haden Church). Um dos equívocos do roteiro foi a inclusão do vilão,
que Raimi bateu o pé pra ter no longa. Tudo indica que a insistência do diretor deveu-se muito mais
ao aspecto visual do personagem, que rivalizaria com o Doutor Octopus do filme anterior,
vivido por Alfred Molina. Pra dar peso ao personagem, Raimi cometeu a sandice de torná-lo
o verdadeiro assassino de Ben Parker, uma decisão completamente imbecil.
Bom, sempre foi público e notório, desde o primeiro filme, que Raimi era fã da mitologia aracnídea clássica e detestava alguns personagens e conceitos que se tornaram símbolos dos anos 90, nutrindo especial antipatia por Venom. A insistência de um produtor pela inclusão do vilão o teria desgostado, até porque a história desde o primeiro filme dava a entender que Harry Osborn (James Franco) seria o inimigo a ser abatido na terceira parte, com o mesmo provavelmente assumindo a identidade do Duende (não necessariamente o Verde, talvez o Macabro). Raimi resolveu manter este plot, acrescentando o simbionte alienígena e o personagem de Eddie Brock (Topher Grace, péssimo) que, juntos, se tornam o controverso inimigo. O filme ficou, então, desnecessariamente longo, confuso e, infelizmente, constrangedor, com diversos momentos incômodos, principalmente com o vergonhoso Peter Malvado, um emo babaca que parece ter inspirado o Harry Osborn da nova franquia, vivido por Dane Dehaan.

Como desgraça pouca é bobagem, além do Venom e do Homem-Areia (lembrando que
a junção de tantos vilões em um mesmo filme foi um dos erros que o próprio Raimi disse que deveriam
ser evitados depois de cometido nos filmes do Batman de - desculpem a palavra - Schumacher) ,
Sam trouxe pro terceiro filme os personagens de George Stacy (James Cromwell) e sua filha, Gwen.
Enquanto o primeiro não cumpriu absolutamente nenhuma função digna de nota na história,
Gwen (Bryce Dallas Howard) apareceu completamente descaracterizada, em nada lembrando a sua
encarnação dos quadrinhos. É bom lembrar que, no começo da franquia,
o próprio Raimi declarou que preferiu "fundir" as personagens Gwen e Mary Jane
em uma só, vivida por Kirsten Dunst, pra dar mais peso ao relacionamento entre Peter e MJ.
Na minha opinião, estas declarações de Raimi - que está sendo cotado para retornar a franquia, talvez como produtor - deixam claro que ele tem, sim, culpa no cartório pelo filme ser tão ruim. Como o próprio disse, se você não está apaixonado pelo projeto, deveria abandoná-lo. Sam resolveu tocar o barco, ligando o foda-se para a história e o desenvolvimento dos personagens e tentando apenas fazer um filme que agradasse aos produtores e atendesse às expectativas da geração massavéio. Terminou sendo bem sucedido (ainda é hoje o filme do Teioso de maior arrecadação), mas, assim como Nolan em TDKR, terminou entregando um desfecho tão ruim que tirou qualidade dos outros anteriores. 


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