sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

COLECIONANDO - PIORES AQUISIÇÕES DE 2013



Depois de falar do melhor, chegou o momento de apontar aquilo que não valeu a pena em 2013...


Antes de mais nada, vou lembrá-los de que não necessariamente as obras aqui apontadas foram lançadas no ano de 2013: foram adquiridas em 2013. O termo "adquiridas" deixa claro que você não encontrará coisas como Rapina & Columba aqui, visto que eu sequer juntaria aquilo do chão. Também é bom recordar que os critérios que me levam a classificar levam em conta vários aspectos além da história: apresentação (encadernação e papel, por exemplo), preço, desenhos, roteiro, satisfação de expectativas, etc. Por último, não falarei aqui das revistas mensais: logo, não procurem aqui o Superior ou algo relacionado aos Novos 52.


05. HOMEM DE FERRO - EXTREMIS (Roteiro de Warren Ellis - Arte de Adi Granov)


Editora Panini. Lançamento 2013.
R$ 60,00.
O Homem de Ferro sai profundamente machucado de um confronto com um homem contaminado por um vírus artificial chamado extremis. Sem tempo para se recuperar (o vilão caminha em direção a Washington), Tony se arrisca e injeta em si mesmo uma dose aperfeiçoada do vírus, ficando entre a vida e a morte. Quando se recupera, ele passa a reunir uma série de novas habilidades, como, por exemplo, controlar armaduras à distância com o pensamento. Serviu como base para o roteiro do pífio Homem de Ferro 3.
Apesar de ter uma apresentação primorosa e a arte de Adi Granov ser muito boa visualmente (tanto que os extras praticamente se resumem ao caderno de esboços do artista, com explicações dele para seu processo criativo), a obra pecou pra mim no quesito expectativa. Achei o retcon chato (embora, claro, necessário) e a exploração do lado psicológico do Tony (mostrando-o atormentado pelo seu passado de vendedor de armas) mal feita.
A adição das novas habilidades é aquele tipo de coisa que altera demais o status do herói. Sai o Homem de Ferro, o herói tecnológico, e entra mais um sujeito com poderes comuns e repetitivos. É o tipo da coisa que mais tira do que acrescenta ao personagem. Acho, sinceramente, que funcionou muito mais pela força do nome de Warren Ellis: se Dan Slott tivesse criado estas mudanças, muita gente teria chiado.



04. POWERS - QUEM MATOU A GAROTA-RETRÔ? (Roteiro de Brian Michael Bendis - Arte de Michal Avon Oeming com Pat Garrahy)


Editora Devir. Lançamento 2005.
R$ 29,00.
Numa cidade recheada de super-heróis, cabe aos policiais Walker e Pilgrim tentar descobrir quem matou a Garota-Retrô, mais popular heroína do local. É o primeiro caso dos dois e a situação fica agravada pelos problemas de relacionamento que eles desenvolvem, principalmente pela convicção da loira Pilgrim de que o grandalhão Walker esconde alguma coisa.
Desenvolver o conceito "como-seria-o-mundo-se-os-super-heróis-realmente-existissem" já rendeu projetos interessantes (com enorme destaque para Astro City, de Kurt Busiek e Brent Anderson). Não aconteceu aqui. Por ser um trabalho mais autoral, fiquei frustrado ao ver o Bendis parecer estar escrevendo um daqueles arcos de encheção de linguiça que marca suas passagens pelos títulos da Marvel depois de um certo tempo: uma história sem graça, previsível, sem nada de novo ou alguma abordagem mais interessante, sustentada por um amontoado de diálogos que, em certo momento, começam a ficar cansativos. O desfecho é constrangedoramente sem graça. É aquela HQ que você termina e esquece rapidinho, por não ter absolutamente nada de marcante. 
Mesmo assim a arte se destaca: ela consegue ser pior que o texto, com uma narrativa ruim, péssima construção de cenários, quadros repetidos e uso equivocado de sombras. Ajudou a tornar os personagens ainda mais mau construídos! 
Ah! E o Change deu um "10 redondinho" pra isso. Precisa dizer mais?


03. JUSTICEIRO (Roteiro de Greg Rucka e arte de Mike Chechetto)



Editora Panini. Lançamento 2013.
R$ 19,90.
O Justiceiro passa a perseguir os executores e mandantes de um massacre que ocorre em uma festa de casamento, onde apenas a noive sobrevive. Quando ela desperta do coma, resolve ir atrás de Bill e sua equipe de assassinos  O crime é investigado por uma dupla de policiais, sendo que um deseja colocar Castle atrás das grades e o outro o apoia secretamente, inclusive lhe passando informações. Ao mesmo tempo, vemos o pavor que assalta a organização criminosa ligada à chacina, que resolve contratar um assassino para parar Castle. 
Desde Gotham Central (ou, como preferiu a Panini, Gotham City Contra o Crime), nenhum trabalho de Greg Rucka mereceu destaque na minha coleção. Aqui, mais uma vez, ele falha miseravelmente. 
São histórias completamente clichês, com tramas pífias e diálogos pouco inspirados (uma das minhas brincadeiras com esta série era ficar advinhando o que os personagens diriam antes de virar a página: infelizmente, minha taxa de erro foi baixíssima). Trazer o foco para os coadjuvantes, deixando o personagem principal em segundo plano foi um tremendo tiro no pé: além de fazer Frank Castle perder toda a empatia que ganhou nos últimos anos, apresentou personagens sem força nenhuma. 
Já o desenhista, na minha opinião, errou em adotar um visual mais anos 80 pro personagem: o Justiceiro ficou mais jovem e esguio. Ok que não poderia mais manter o visual MAX, mas também não precisava exagerar tanto no rejuvenescimento do cara.  Apesar disso, terminou ficando de acordo com a proposta aparente do Rucka: Castle virou um modelo vazio, sem nada daquele aprofundamento psicológico ou humor negro que o tornou um dos melhores personagens da Marvel na primeira década deste século. 


02. TOM STRONG (Roteiro de Alan Moore e arte de Chris Sprouse e outros)


Editora Devir. Lançamento em 2005 (primeiro volume)
e 2006. R$ 45,00 cada.
Filho de cientista excêntricos, Tom Strong foi criado em uma câmara que simulava uma gravidade muito mais "pesada" e recebeu educação intensiva de alto nível. Isso, junto ao consumo de goloka, uma espécie de maconha raiz que dá ao seu usuário uma condição física superior, torna-o forte e longevo. Junto com sua esposa, sua filha, seu amigo robô e um símio com capacidades de raciocínio humana, ele combate as mais diversas ameaças, enquanto amealha a admiração das crianças pelo mundo.
Tem certos momentos em que me sinto um completo retardado. Principalmente quando ignoro os mesmos conselhos que vivo oferecendo gratuitamente aos outros. O principal, acho, é ainda acreditar em certas grifes. Livros da Magia, de Neil Gaiman, deu sono (mas juntou pontos suficientes pra escapar desta lista). O primeiro lugar... Bom, já chegaremos a ele. E Tom Strong... Putz! Eu comprei OS DOIS ENCADERNADOS disso! Pensei: "É Alan Moore! Não pode ser tão ruim!" Veem como eu devo me sentir um abestado? Esqueci Promethea e Lost Girls! Mas achei que a ideia de tentar recriar aquela aura pulp originaria algo tão divertido e inteligente quanto Supremo. Só que Moore queria mesmo fazer literatura pulp, sem usar absolutamente nada de sua inteligência pra renovar o conceito e fazer algo imaginativo com a série. Então tome histórias curtas com personagens rasos, situações forçadas, humor imbecil e conceitos bizarros. Nem a presença de alguns bons artistas salva, principalmente pelo formato menor adotado pela Devir na publicação. Trabalhando assim, é bom mesmo que Moore fique afastado dos super-heróis!


01. HOLY TERROR ("Roteiro" e "arte" de Frank Miller)


Editora Panini. Lançamento 2013. R$ 52,00.
Notaram as aspas?
Holy Terror é o quase mítico projeto anunciado por Frank Miller anos atrás que colocaria o Batman enfrentando a Al Qaeda, organização terrorista responsável pelos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001. Este projeto criou uma discussão babaca com o Grant Morrison e depois voltou à mídia quando a DC declarou que não publicaria a graphic novel nem daria autorização para a utilização de seus personagens. Milhares de motivos foram especulados nas época, entre eles que a editora não havia aceitado a licença poética que Miller havia introduzido no roteiro, com o Batman mandando terroristas encontrarem suas virgens, e outro que alegava que Frank queria ter para si todos os direitos da história visando uma possível adaptação para o cinema.
Bom, todo mundo sabe que eu sou fã do Miller. Do tipo que consegue pescar qualidade em O Cavaleiro das Trevas 2. Mas aqui eu entrego os pontos. Por onde começar? Pela trama idiota, preconceituosa e mergulhada em ódio? Pelos desenhos simplesmente ridículos de tão mal feitos (Miller sequer se deu ao trabalho de alterar melhor os desenhos pra desvincular os personagens do projeto original: o policial é a cara do Gordon, o Censor é o Batman sem orelhas no capuz e temos até uma Mulher-Gato genérica e puta)? Pelos diálogos constrangedores ou situações risíveis? Que tal tudo junto?
Meu amigo Inacreditável Neo segurou essa edição como quem tinha nas mãos um balde cheio de água de fossa. E olha que, por incrível que pareça, a Panini se deu ao trabalho de dar um acabamento de luxo a essa porcaria: papel de alta qualidade, capa dura, formato widescreen... Mas nem se essa porra fosse encadernada em papel folheado a ouro valeria a pena!
Caso eu não tenha sido suficientemente claro: nunca percam tempo com isto. 


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