sexta-feira, 18 de abril de 2014

1001 Filmes Para Ver Antes De Morrer: Nosferatu- O Vampiro Da Noite


   Mais uma crítica na nossa ambiciosa série de... críticas...
       
          Existem filmes que são clássicos supremos e intocáveis. Ou será que não? Essa foi a afirmação que o diretor Werner Harzog se viu desafiado a derrubar quando se propôs a dirigir o remake do clássico de F.W Murnau, que era (e ainda é, para muitos) considerado intocável. Será que Harzog fez bonito e criou um filme que um cinéfilo precisa ver antes de morrer? Vejamos.

Bruno Ganz (que ficaria imortalizado no papel de Hitler em "A Queda: As Últimas Horas De Hitler")
interpreta Jonathan Harker, enquanto o lunático Klaus Kinski
(famoso por ser o terror dos diretores e produtores) interpreta o Conde Drácula.

   A trama se desenrola no século XIX, em Wismar, Alemanha. Jonathan Harker é um agente imobiliário que recebe a tarefa de ir até a Transilvânia a mando de seu excêntrico chefe, Renfield (Roland Topor). Jonathan ignora o mal presságio de sua esposa Lucy (a maravilhosa Isabelle Adjani) e as advertências do povo que encontra no caminho para não se aproximar do castelo. Uma senhora lhe entrega um livro que o adverte contra a estranha criatura da noite que ronda pela região. Chegando ao castelo do Conde Drácula (Klaus Kinski), descobre que este é um sujeito estranho, pálido e de aparência grotesca. Após firmar o contrato, recebe dele uma visita durante a noite. Nesta mesma hora, um morcego entra pela janela no quarto de Lucy e esta novamente sente que há algo errado.  Drácula mantém Jonathan prisioneiro enquanto toma providências para seu transporte até Wismar. Com ajuda de ciganos, coloca a bordo de um navio alguns caixões, nos quais esconde a si próprio e ratos que carregam a peste negra. O navio chega a cidade sem nenhum sobrevivente para o espanto dos habitantes, que logo providenciam o funeral do comandante sem dar atenção à proliferação de ratos que acontece durante o desembarque.  

          Jonathan, um tanto debilitado, consegue escapar do castelo na tentativa de alertar os habitantes da cidade e salvar sua esposa. Entretanto, quando finalmente chega a Wismar, está tão alterado que sequer reconhece a mulher. Tendo encontrado o livro que Jonathan carregava consigo, ela fica a par do que está acontecendo. Em pouco tempo, a cidade é assolada pela epidemia, o que leva muitos habitantes a simplesmente festejar seus últimos dias. Lucy não logra êxito em dialogar com um povo nestas condições e nem mesmo consegue apoio de Dr. Van Helsing, que responde a suas histórias com ceticismo. A única forma que encontra de deter Drácula é seguindo o livro à risca.

Em vários momentos no filme são usadas técnicas que procuram acentuar a imagem do Conde em meio a escuridão.

   Sou grande fã do Nosferatu de Murnau e subestimava esse remake. Puro preconceito! Quando terminei de ver O Vampiro Da Noite fiquei maravilhado, pois a fotografia é linda, Klaus Kinski é um Nosferatu tão bom quanto Max Schreck e o roteiro é genial. O filme pega do original apenas a aparência do vampiro. Ou seja, Herzog não procurou criar um simples remake: tentou criar o seu próprio vampiro, que é diferente de tudo que foi feito até então.

 Se você imagina Conde Drácula como uma criatura sedutora e elegante, esqueça isso. O Drácula de Nosferatu- O Vampiro Da Noite é tudo, menos sedutor. Harzog nos entrega um ser solitário, triste, carente de todo tipo de atenção e, antes de tudo, uma criatura que parece não gostar das brutalidades que pratica. O que ele faz, faz por se sentir induzido. Klaus Kinski passa bem a agonia que seu personagem sente. O espectador não sentirá medo do seu Drácula, sentirá pena. A agonia de viver para sempre, a solidão aterradora de viver há milênios em um castelo isolado, a impossibilidade de amar... Kinski consegue passar tudo isso, provando que, além de psicopata, foi um ator excepcional.

Isabelle Adjani, linda como Lucy Harker.

    Aliás, é esta impossibilidade de amar que move a trama. Ao ver a foto da esposa de Jonathan, Drácula apaixona-se imediatamente e decide ir naquele momento para Wismar, levando com ele a peste negra. Mas o objetivo do vampiro não era espalhar o terror e sim encontrar-se com a mulher que ama, chegando ao ponto de implorar para que ela o "ame como ama Jonathan" em determinado momento. É essa tentativa de humanizar o vampiro, sem torná-lo meloso demais que torna Nosfeatu-O Vampiro Da Noite um filme marcante.

"A impossibilidade de amar é a mais vil das dores."

    Outra surpresa interessante é o diferenciado Van Helsing. O professor que enfrenta o Vampiro no livro de Bram Stoker não passa de um velho cego pela racionalidade no filme de Harzog, o típico doutor do século XIX, rejeitando todos os credos e acreditando apenas na ciência, que acaba por tornar-se quase que uma religião. O final desse personagem é a única cena cômica do filme, que tem um clima bastante pesado e sombrio.

  Enfim, se você é um comunistinha de faculdade que é contra remakes, engula todos os seus argumentos e assista a Nosferatu-O Vampiro Da Noite sem medo. O filme tem todas as qualidades possíveis e traz uma visão única, talvez a melhor, do Conde Drácula. Definitivamente é um filme para ver antes de morrer.

Nota- 10

• Direção: Werner Herzog
• Roteiro: Werner Herzog
• Gênero: Drama/Suspense/Terror
• Origem: Alemanha Ocidental/França
• Duração: 107 minutos
• Tipo: Longa-metragem
• Klaus Kinski  
Conde Drácula
• Isabelle Adjani  
Lucy Harker
• Bruno Ganz  
Jonathan Harker
• Roland Topor
Reinfield
• Walter Ladengast
Dr. Van Helsing
• Dan van Husen
Harbormaster
• Carsten Bodinus
Schrader
• Martje Grohmann
Mina

 Trailer



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